terça-feira, 20 de julho de 2010

Capítulo 10

 
Fomos no carro de seu pai, já que a moto tava toda arrebentada. Não ficava muito longe, mas passava por uma parte da cidade que era bem escura e deserta, sem muitas casas nem postes com luzes por perto.
– Foi por aqui que eu apaguei, sorte a sua que eu só bebi água em casa hoje.
Ele brincou, mas um arrepio percorreu todo o meu corpo e eu me preparei para ter que segurar o volante.
Lá era um bar muito bonito, paredes e decoração combinando, nada a ver com aqueles barzinhos de esquina. Quando chegamos, o lugar estava vazio, exceto por dois homens que pareciam estar lá desde manhã. Entramos na cozinha. Agora, que eu estava ali, fiquei apavorada como se estivesse perseguindo um bandido que ameaçava me matar. Respirei fundo e o segui.
Ele chegou ao balcão e perguntou se podia entrar na cozinha. De lá dava para ver que algumas coisas estavam isoladas por fitas amarelas, poderiam conter pistas.
Quando entramos na cozinha, ele falou com o chef que já estava esperando por nós.
– Boa noite. – disse Marcos, enquanto apertava a sua mão.
– Boa noite. – ele respondeu.
– Você estava aqui na noite de sábado?
– Sim, eu estava, sempre tenho que vir, tem muito movimento.
– Por acaso viu se alguém que não trabalha aqui entrou na cozinha?
– Não entrou ninguém, não é permitido. Vocês entraram hoje porque a cozinha ainda não está funcionando. Olha, eu sei o que vocês querem, então eu vou falar logo o que eu sei e vocês podem ir embora. Naquela noite eu estava muito ocupado, mas mesmo assim tenho que me manter de olho em tudo. A mesa de vocês foi a que consumiu mais, o garçom que estava responsável não parava de entrar e sair da cozinha. É sempre a mesma coisa: entra na cozinha pega a bandeja eleva até a mesa sem parar, sem mexer no prato. Mas, uma vez, quase no fim da noite, eu vi que ele estava fazendo alguma coisa no prato. Quando eu ia repreendê-lo o vi colocando alguma coisa naquela lixeira – ele apontou para um canto perto da porta da cozinha – que eles levaram, e ele, vendo que eu estava observando, se apressou em ir entregar o prato. Eu fiquei mais atento, mas como ninguém reclamou dos aperitivos pensei que não fosse nada demais.
– E onde está esse garçom de quem você falou?
– Na verdade ele se demitiu na manhã de domingo.
– Eu preciso encontrá-lo, você tem o endereço dele?
– Tenho, pode pegar eu não quero acobertar ninguém.
Eu havia ido mesmo só para fazer companhia, não falei nada durante o “interrogatório”, mas quando voltamos para o carro minha adrenalina explodiu e eu comecei a fazer suposições e perseguições surgiram na minha mente. Ele estava se divertindo com a minha infantilidade em relação a coisas perigosas.
– Você está se sentindo num filme de investigação não é?
– Mais ou menos... – confessei.
– Tudo bem, são oito horas, podemos chegar na sua casa às nove, você quer tomar um sorvete?
– Claro!
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